EPI para NR35: como escolher, usar e manter seus equipamentos de proteção

Homem usando capacete com jugular, cinturão tipo paraquedista e talabarte conectado, em estrutura metálica sob céu claro.

Quando o assunto é segurança no trabalho em altura, a sigla EPI — Equipamento de Proteção Individual — se torna protagonista. A NR35, norma regulamentadora que trata das atividades realizadas a partir de dois metros de altura, exige uma série de cuidados técnicos e operacionais, e entre eles, a escolha e o uso correto dos EPIs é fundamental para prevenir acidentes graves ou fatais.

Apesar de a legislação ser clara quanto à obrigatoriedade dos equipamentos, muitas empresas e trabalhadores ainda têm dúvidas sobre quais EPIs usar em diferentes situações, como fazer a manutenção correta e como comparar modelos de capacete, talabarte e trava-quedas, por exemplo. O objetivo deste artigo é preencher essa lacuna, oferecendo um guia prático e técnico sobre os principais equipamentos exigidos pela NR35.

Ao aprofundarmos os tópicos abordados no guia completo da Trecon sobre NR35, vamos esclarecer desde os critérios de escolha dos equipamentos até dicas de uso, inspeção e conservação — sempre com base em normas atualizadas e boas práticas do setor.

Quais EPIs são exigidos pela NR35?

A Norma Regulamentadora 35 (NR35), atualizada para 2025, estabelece critérios rigorosos para garantir a segurança de trabalhadores em altura. Entre as exigências centrais está o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) adequados ao risco e à atividade realizada. A escolha correta dos EPIs não apenas cumpre a legislação, mas pode representar a diferença entre a vida e a morte em uma situação de queda.

Abaixo estão os principais EPIs exigidos para o trabalho em altura segundo a NR35:

🪖 1. Capacete com jugular de 4 pontos

Ilustração de trabalhador usando cinturão tipo paraquedista, talabarte e trava-quedas em linha vertical rígida, com setas e rótulos explicativos.

O capacete de segurança é obrigatório para proteger contra impactos e quedas de objetos. Para a NR35, o modelo deve possuir:

  • Jugular com no mínimo 4 pontos de fixação;
  • Certificação de conformidade com a ABNT NBR 8221;
  • Absorção de impacto e isolamento elétrico (quando aplicável).

Comparativo prático:
Capacetes com suspensão em catraca são mais indicados para uso prolongado, pois oferecem melhor ajuste e conforto. Já os modelos com ventilação são ideais para climas quentes, desde que não comprometam a proteção.

🪢 2. Cinturão de segurança tipo paraquedista

Esse é o item que conecta o trabalhador aos sistemas de ancoragem. Deve:

  • Ter pontos de conexão dorsal e peitoral;
  • Ser compatível com talabarte e trava-quedas;
  • Possuir CA (Certificado de Aprovação) válido emitido pelo Ministério do Trabalho.

🔗 3. Talabarte de segurança

O talabarte conecta o cinturão ao ponto de ancoragem. Existem três tipos principais:

  • Talabarte em Y com absorvedor de energia (indicado para movimentação);
  • Talabarte simples (usado em situações de ancoragem fixa);
  • Talabarte regulável (utilizado em posicionamento e restrição de movimento).

Comparativo prático:
O talabarte em Y oferece maior mobilidade, mas deve sempre vir com absorvedor de energia. Em ambientes confinados ou industriais, os talabartes reguláveis são preferidos por permitir melhor controle da distância de queda.

⚙️ 4. Trava-quedas (deslizante ou retrátil)

O trava-quedas é essencial para limitar a distância de uma possível queda e reduzir o impacto. Pode ser:

  • Trava-quedas retrátil: indicado para movimentação vertical em linhas rígidas (como cabos de aço);
  • Trava-quedas deslizante: usado em cordas sintéticas ou fitas.

Comparativo prático:
Trava-quedas retráteis são ideais para trabalhos com grande amplitude de movimentação, enquanto os deslizantes são mais acessíveis e indicados para uso em linhas de vida temporárias.

👁️‍🗨️ 5. Outros EPIs complementares

Além dos equipamentos obrigatórios, a NR35 também recomenda o uso de:

  • Luvas de proteção com aderência;
  • Calçados com solado antiderrapante;
  • Óculos de segurança (quando houver risco de partículas ou respingos).

Como escolher o EPI ideal para trabalho em altura?

Infográfico mostrando talabarte simples, talabarte em Y com absorvedor de energia e talabarte regulável, com ícones de movimentação e posicionamento.

A escolha correta do EPI no contexto da NR35 deve considerar não apenas a conformidade com as normas técnicas, mas também o tipo de atividade, a altura de trabalho, o ambiente e o perfil do trabalhador. Um equipamento inadequado pode comprometer a segurança e até mesmo ser motivo de autuação em uma fiscalização.

A seguir, destacamos os principais critérios para selecionar EPIs com responsabilidade e eficiência:

🧪 1. Verificação do Certificado de Aprovação (CA)

Todos os EPIs devem possuir CA válido, emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), comprovando que foram testados e aprovados. Antes da aquisição:

  • Verifique a validade do CA no site oficial do MTE;
  • Exija o manual técnico e laudos de ensaio do fabricante.

🏗️ 2. Adequação à atividade exercida

Cada tipo de trabalho em altura demanda características específicas:

  • Construção civil: exige equipamentos resistentes à abrasão e com absorvedor de energia reforçado;
  • Manutenção em estruturas metálicas: pode exigir EPIs dielétricos ou com isolamento térmico;
  • Trabalho em telhados: deve priorizar sistemas de ancoragem flexíveis e EPIs leves.

🧍 3. Ergonomia e conforto

A ergonomia influencia diretamente no uso contínuo e correto do EPI. Um cinturão desconfortável ou um capacete mal ajustado aumenta o risco de uso incorreto ou recusa por parte do trabalhador.

  • Prefira EPIs com ajustes personalizados;
  • Dê atenção ao peso total do equipamento, especialmente quando usado por longos períodos;
  • Avalie a respirabilidade dos materiais em ambientes quentes.

🛠️ 4. Compatibilidade entre os equipamentos

Os componentes do sistema de proteção contra quedas devem funcionar de forma integrada:

  • Cinturão, talabarte e trava-quedas precisam ser compatíveis entre si e com o ponto de ancoragem;
  • Conectores (mosquetões) devem suportar as cargas previstas;
  • Evite misturar equipamentos de fabricantes diferentes sem certificação conjunta de compatibilidade.

🔁 5. Recomendações do fabricante e do técnico de segurança

Sempre siga as instruções técnicas do fabricante, tanto para uso quanto para inspeção. Além disso, o técnico de segurança do trabalho deve avaliar:

  • Os riscos do local;
  • O tempo de exposição;
  • As necessidades específicas da equipe.

Como usar corretamente os EPIs no trabalho em altura?

Tabela com checklist visual para EPIs, incluindo costuras, mosquetões, etiquetas legíveis, validade e sinais de desgaste.

A eficácia de um EPI no trabalho em altura depende não apenas da sua qualidade, mas também do seu uso correto. Segundo a NR35, é obrigação tanto do empregador quanto do trabalhador garantir que os equipamentos sejam utilizados de forma adequada, reduzindo significativamente o risco de quedas e lesões.

A seguir, apresentamos um passo a passo com orientações práticas sobre como utilizar os principais EPIs:

📋 1. Checklist pré-uso dos EPIs

Antes de cada jornada de trabalho em altura, o trabalhador deve realizar uma verificação visual e funcional dos equipamentos:

  • Inspecionar costuras, mosquetões, cordas e fivelas;
  • Verificar a presença do CA e etiquetas de validade;
  • Testar o funcionamento de trava-quedas e absorvedores;
  • Confirmar a ausência de rasgos, desgaste ou ferrugem.

❗ Atenção: qualquer anomalia encontrada deve ser reportada imediatamente e o EPI deve ser substituído.

🧰 2. Como vestir corretamente o cinturão tipo paraquedista

O cinturão é o ponto central de conexão com o sistema de proteção contra quedas. A colocação correta envolve:

  • Posicionar o cinturão na cintura e ajustar as pernas com firmeza, mas sem desconforto;
  • Ajustar os ombros para garantir estabilidade;
  • Prender o peitoral se presente;
  • Verificar se todos os conectores estão travados.

Dica prática: Peça para um colega conferir os ajustes e fazer o chamado “teste de suspensão leve”, simulando a tensão do corpo em caso de queda.

🔗 3. Conexão do talabarte e do trava-quedas

O talabarte deve ser conectado:

  • Ao ponto de ancoragem certificado ou linha de vida;
  • Ao dorsal do cinturão (normalmente indicado com a letra “A” ou um triângulo);
  • Com os conectores voltados na direção da força de tração prevista em uma queda.

O trava-quedas deve:

  • Ser instalado acima da cabeça (nunca na altura da cintura);
  • Ter movimentação fluida e travamento imediato quando tracionado bruscamente.

📦 4. Boas práticas durante o uso

  • Nunca prender o talabarte a estruturas móveis ou instáveis;
  • Evitar movimentos bruscos ou giros com os cabos tensionados;
  • Não sobrepor EPIs (ex.: usar talabarte e trava-quedas simultaneamente no mesmo ponto);
  • Manter sempre pelo menos 1,5 metro de altura entre o ponto de ancoragem e o nível inferior para permitir a abertura do absorvedor de energia.

Como manter e armazenar corretamente os EPIs?

Dois capacetes de segurança amarelos lado a lado, um sem jugular e outro com jugular de 4 pontos, sobre fundo cinza claro.

O uso correto dos EPIs é apenas uma parte do processo. A manutenção preventiva e o armazenamento apropriado são fundamentais para garantir que os equipamentos mantenham sua integridade estrutural e proteção ao longo do tempo.

Ignorar esses cuidados pode tornar o EPI ineficaz mesmo que pareça em bom estado visual.

🔍 1. Inspeções periódicas obrigatórias

De acordo com a NR35 e as recomendações dos fabricantes:

  • Inspeções visuais devem ser diárias, antes de cada uso;
  • Inspeções detalhadas devem ser realizadas periodicamente (em média a cada 6 meses), por profissional capacitado;
  • Todos os registros de inspeção devem ser documentados em fichas individuais por equipamento.

Critérios de reprovação incluem:

  • Costuras desgastadas ou rompidas;
  • Fitas desfiadas, ressecadas ou com sinais de queimadura;
  • Conectores travando ou com deformações;
  • Etiquetas ilegíveis ou CA vencido.

🧽 2. Limpeza adequada dos EPIs

  • Utilize apenas água morna com sabão neutro para higienizar cintos e talabartes;
  • Nunca use solventes, cloro ou alvejantes, que podem danificar as fibras sintéticas;
  • Para capacetes, use pano úmido e evite exposição prolongada ao sol após a lavagem;
  • Seque os equipamentos à sombra, em local ventilado.

📦 3. Armazenamento correto

O local de armazenamento deve:

  • Ser seco, arejado e livre de contaminantes (óleo, graxa, pó);
  • Estar protegido da luz solar direta e de fontes de calor;
  • Manter os EPIs pendurados ou em bolsas apropriadas, sem dobras forçadas.

Evite: armazenar em porta-malas de veículos, sacos plásticos fechados ou diretamente no chão.

🛠️ 4. Substituição e descarte

Todo EPI tem um tempo de vida útil limitado, determinado pelo fabricante e pelas condições de uso. Quando exposto a uma queda real, o equipamento deve ser descartado imediatamente, mesmo que não apresente danos visíveis.

Alguns fabricantes oferecem programas de descarte ecológico, reforçando o compromisso com a sustentabilidade e a segurança.

Conclusão: Segurança começa com o EPI certo

Em atividades em altura, não há margem para erros. A escolha, o uso correto e a manutenção adequada dos EPIs são etapas fundamentais para garantir a integridade física dos trabalhadores e a conformidade legal das empresas.

Ao longo deste artigo, mostramos que cada equipamento — do capacete com jugular ao trava-quedas — tem papel específico e deve ser selecionado com base em critérios técnicos e normativos. Mais do que cumprir uma exigência legal da NR35, investir em equipamentos de proteção individual de qualidade é proteger vidas e construir um ambiente de trabalho mais seguro e profissional.

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❓FAQ – Dúvidas frequentes sobre EPI para NR35

🔹 1. O que é considerado EPI no trabalho em altura?

São todos os equipamentos individuais destinados à proteção do trabalhador contra riscos de queda. Exemplos incluem: capacete com jugular, cinturão tipo paraquedista, talabarte, trava-quedas e calçado antiderrapante.

🔹 2. Qual é o EPI obrigatório segundo a NR35?

A NR35 exige, no mínimo, o uso de cinturão de segurança tipo paraquedista com sistema de retenção de queda (talabarte ou trava-quedas) e capacete com jugular. Outros EPIs complementares podem ser exigidos conforme o ambiente.

🔹 3. É permitido usar talabarte e trava-quedas ao mesmo tempo?

Sim, desde que sejam utilizados de forma correta e em pontos de ancoragem distintos. O uso simultâneo exige avaliação técnica, pois equipamentos com a mesma função não devem se sobrepor sem necessidade.

🔹 4. Quanto tempo dura um EPI para trabalho em altura?

Depende do tipo e da frequência de uso. Em média:

  • Cinturões: 5 anos (se bem conservados);
  • Talabartes: 3 a 5 anos;
  • Trava-quedas: conforme o fabricante;
  • Capacetes: cerca de 3 anos (ou conforme a data de validade interna).

A substituição deve ocorrer antes em caso de danos, desgaste ou uso após uma queda.

🔹 5. Como armazenar corretamente os EPIs?

Guarde os equipamentos em local seco, arejado, sem exposição direta ao sol ou calor excessivo. Evite contato com produtos químicos e não os armazene dobrados ou comprimidos.

🔹 6. Quem é responsável pela inspeção dos EPIs?

O trabalhador deve realizar inspeção visual diária. Já a inspeção técnica periódica deve ser feita por profissional capacitado, seguindo o plano de manutenção e registro da empresa.

🔹 7. Posso lavar os EPIs com qualquer produto?

Não. Use apenas sabão neutro e água morna. Nunca aplique solventes, cloro, detergentes agressivos ou fontes de calor direto (como secadores ou sol forte).

📚 Fontes e Referências

  1. Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – Consulta de Certificado de Aprovação de EPI
    https://consultaca.com.mtps.gov.br
  2. Norma Regulamentadora NR35 – Trabalho em Altura (versão atualizada 2025)
    https://www.gov.br/pt-br/servicos/norma-nr-35
  3. Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) – NBR 15836: Equipamentos de proteção individual para trabalho em altura
    https://www.abntcatalogo.com.br
  4. Guia Completo da Trecon Treinamentos sobre NR35 – 2025
    https://trecon.com.br/nr35-guia-completo-trabalho-em-altura-2025/
  5. Manuais Técnicos de Fabricantes de EPIs:

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